A agricultura desde milênios é um meio de trabalho onde o ser humano produz seus alimentos, grãos, arroz, milho, feijão, trigo, hortaliças, frutas e legumes. São fontes de nutrientes importantíssimas para saciar a fome das pessoas.
Com o tempo o cultivo de alimentos cresceu devido o aumento populacional nos mais diversos cantos do planeta, surgindo então a necessidade de aumentar tanto a quantidade, quanto a qualidade que só foi possível devido a diversidade, ou seja, aumentou-se as opções e investimentos acirrados em maquinários e tecnologias e capacitação de trabalhadores no campo, tornando este setor da economia essencial para a manutenção da vida no planeta.
Entretanto, tivemos um aumento na geração de efeitos colaterais, por exemplo, para aumentar a produção de alimentos tivemos que desmatar mais áreas para plantar mais e por consequência isso afetou o clima. Sendo necessário aprimorar as técnicas de plantio para produzir mais no mesmo espaço ou até mesmo em espaços menores.
Desde então, as pesquisas na área agronómica são importantes para orientar e apontar técnicas eficientes no aproveitamento racional e sustentável das áreas agricultáveis, surgindo assim uma geração que trabalha, não somente pra produzir alimentos, mas também para proteger o solo, pois é uma das importantes fontes de alimentos por ser o solo responsável por ofertar nutrientes para as plantas poderem germinar, crescer de forma saudável e com excelente produtividade.
Então surge a agricultura regenerativa baseada num sistema de práticas agrícolas que visa melhorar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade, capturar carbono e promover a resiliência dos ecossistemas agrícolas.
A agricultura regenerativa é uma alternativa aos métodos convencionais de agricultura que podem degradar o solo e esgotar os recursos naturais ao longo do tempo, a agricultura regenerativa enfatiza técnicas que regeneram e restauram os recursos naturais.
Faz parte da agricultura regenerativa:
Rotação de culturas: Alternância de diferentes culturas em um mesmo terreno para aumentar a biodiversidade e melhorar a saúde do solo, um exemplo comum de rotação de culturas na agricultura é a alternância entre o cultivo de milho e soja, onde os agricultores cultivam milho em um ano e, no ano seguinte, plantam soja na mesma área, o que resulta em benefícios agronômicos, como a quebra do ciclo de pragas e doenças específicas de cada cultura, a melhoria da estrutura e fertilidade do solo e a redução da dependência de insumos químicos, como pesticidas e fertilizantes.
Conservação de solo: Utiliza práticas que reduzem a erosão do solo, como a cobertura morta, plantio direto e técnicas de cultivo mínimo; Na cobertura morta, os agricultores aplicam uma camada de material orgânico sobre o solo, como palha, folhas, restos de culturas anteriores ou para proteger o solo da erosão causada pelo vento e pela água, reduz a evaporação da umidade do solo e suprime o crescimento de ervas daninhas, por exemplo o uso de palha de arroz como cobertura morta em campos de cultivo de arroz. Para conservar o solo temos também a técnica de Plantio Direto; No plantio direto, os agricultores plantam suas sementes diretamente no solo sem ará-lo previamente, isso ajuda a preservar a estrutura do solo, reduz a perda de nutrientes e água, e minimiza a compactação do solo. Um exemplo de plantio direto é o cultivo de soja sem arar o solo após a colheita anterior. Técnicas de Cultivo Mínimo ajuda a reduzir a perturbação do solo ao mínimo necessário, visando utilizar equipamentos agrícolas específicos que afetem menos o solo, como arados de discos em vez de arados de aiveca profunda, ou o uso de culturas de cobertura para proteger o solo entre as culturas principais. Um exemplo de técnica de cultivo mínimo é o uso de culturas de cobertura, como tremoço, que podem ser semeadas após a colheita principal para proteger o solo e fixar nitrogênio.
Integração animal: neste caso ocorre a criação de animais no sistema agrícola de forma que contribuam para a fertilidade do solo e ajudem no manejo da vegetação; ou seja, a integração animal é uma prática que reconhece a interdependência entre plantas e animais na agricultura, buscando aproveitar essa relação de forma a promover sistemas agrícolas mais sustentáveis e resilientes. É uma prática na agricultura que envolve a incorporação de animais dentro do sistema agrícola, de maneira planejada e sustentável para melhorar a saúde do solo, aumentar a fertilidade e promover a sustentabilidade do sistema como um todo. Um exemplo comum de integração animal é o sistema de pastoreio rotativo, no qual os animais são movidos regularmente entre diferentes áreas de pastagem. Isso permite que o solo descanse e se recupere enquanto os animais consomem a vegetação, depositando esterco que enriquece o solo com nutrientes essenciais.
Agrofloresta: neste sistema ocorre a integração de árvores, arbustos e culturas agrícolas em um mesmo sistema, promovendo a diversidade; As árvores desempenham múltiplas funções, como fornecer sombra, proteção contra erosão do solo, captura de carbono da atmosfera, produção de madeira, frutas, castanhas ou outros produtos madeireiros e não madeireiros. Arbustos e culturas agrícolas são plantados em associação com as árvores, aproveitando os benefícios do microclima criado pela vegetação arbórea, enquanto os animais podem ser integrados ao sistema para fornecer fertilização do solo, controle de pragas e produção de carne, leite ou ovos. Neste sistema são múltiplos os benefícios ao meio ambiente, conservação da biodiversidade, ciclagem de nutrientes e vantagens econômicas e sociais, como diversificação da produção, aumento da segurança alimentar e geração de renda para agricultores familiares.
Compostagem: são técnicas utilizadas para reciclar resíduos orgânicos e melhorar a fertilidade do solo, consiste num processo natural de decomposição de matéria orgânica, como restos de alimentos, folhas, aparas de grama e outros resíduos vegetais, em um material rico em nutrientes chamado composto. Esse processo é realizado por microorganismos, como bactérias, fungos e minhocas, que degradam os resíduos orgânicos em um ambiente aeróbico, ou seja, com a presença de oxigênio. Os microorganismos consomem os resíduos orgânicos como fonte de alimento, convertendo-os em compostos mais simples, como dióxido de carbono, água e matéria orgânica estabilizada. Esse composto final, é um excelente fertilizante orgânico, rico em nutrientes essenciais para as plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio e outros minerais. A compostagem pode ser realizada em diferentes escalas, desde pequenas pilhas de compostagem em jardins domésticos até grandes sistemas de compostagem em fazendas ou centros de compostagem municipais. Além de produzir um fertilizante orgânico de alta qualidade, a compostagem também contribui para a redução do volume de resíduos orgânicos enviados para aterros sanitários, minimizando a produção de gases de efeito estufa e ajudando a combater as mudanças climáticas.
Enfim, a agricultura regenerativa busca criar sistemas agrícolas mais sustentáveis e resilientes, que possam não só fornecer alimentos de maneira sustentável, mas também contribuir para a saúde dos ecossistemas e para a mitigação das mudanças climáticas.
Weslane – Colunista Society