A expectativa é que o Brasil colha 254 milhões de toneladas de grãos nesta temporada, volume 1,2% menor em relação ao ciclo anterior e redução de 2,6% ante projeção de julho, diz a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O governo federal cortou nesta terça-feira (10) a estimativa para a safra de grãos de 2020/21, que, até julho, indicava a possibilidade de uma colheita recorde de 260,8 milhões de toneladas.
A expectativa agora é que o Brasil colha 254 milhões de toneladas de grãos, volume 1,2% menor (3 milhões de toneladas) em relação à safra anterior.
- Como mudanças climáticas podem impactar a produção de alimentos
- A luta dos agricultores para proteger as plantações do frio intenso
A nova previsão representa ainda uma queda de 6,8 milhões de toneladas (-2,6%) comparada à estimativa feita em julho. Os novos dados foram divulgados no 11º Levantamento da Safra de Grãos 2020/2021, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“A redução se deve, principalmente, à queda das produtividades estimadas nas culturas de segunda safra, justificada pelos danos causados pela seca prolongada nas principais regiões produtoras, bem como às baixas temperaturas com eventos de geadas ocorridas nos estados da Região Centro-Sul do país”, afirmou a estatal, em nota.
“Se não fosse isso, teríamos um recorde na safra 2020/21”, acrescentou o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.
O ano safra começa em setembro de um ano e termina em agosto do outro.
Entre as culturas mais afetadas está o milho. O seu plantio foi feito fora do período ideal por causa de uma seca que atrasou a semeadura e a colheita da soja. Já as geadas prejudicaram o desenvolvimento dos grãos e produtores tiveram perdas.
A produção milho deve chegar a 86,7 milhões de toneladas, sendo 24,9 milhões de toneladas na primeira safra, 60,3 milhões de toneladas na segunda e 1,4 milhão de toneladas na terceira.
Apenas para a segunda safra do cereal, a queda na produtividade estimada é de 25,7%, uma previsão de 4,065 mil quilos por hectare.
A redução só não foi maior porque os altos preços do grão impulsionaram um aumento de área plantada em 8,1%, chegando a 14,87 milhões de hectares.
Além disso, Mato Grosso, principal estado produtor, foi o que menos registrou condições climáticas adversas durante o cultivo do cereal.
Soja, arroz e feijão
Com a colheita encerrada, a soja apresenta uma elevação de 11,1 milhões de toneladas na produção desta safra em relação à anterior, para 135,9 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil se mantém como maior produtor mundial da oleaginosa.
Para o arroz, a produção neste ciclo teve crescimento de 5% em relação ao período anterior, chegando a 11,74 milhões de toneladas.
- Feijão, laranja, café: veja como a crise hídrica afetou alimentos
Já em relação ao feijão, as atenções se voltam para a cultura de terceira safra, que está em fase inicial de colheita. A produção total é estimada em 2,94 milhões de toneladas, 8,8% menor que o obtido na safra 2019/2020, impactada pela seca nas principais regiões produtoras do país.
Mudanças climáticas
Na segunda-feira (9), especialistas alertaram sobre os prejuízos do aquecimento global para a agricultura brasileira, após a publicação de um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês).
O documento indicou que a temperatura global pode subir de 1,5°C a 2°C neste século, caso não haja uma forte redução nas emissões de gases de efeito estufa e que os seres humanos já são responsáveis por um aumento de 1,07°C na temperatura do planeta.
Esse cenário aumentou a chance de eventos climáticos extremos desde 1950, incluindo a frequência da ocorrência de ondas de calor e secas em escala global, que podem reduzir a produção de alimentos e dificultar o planejamento dos produtores. Saiba mais.