Os dois fenômenos atingem regiões de maneiras distintas, modificando a quantidade de chuva e períodos de estiagem.
Entre os vários fatores que modificam o padrão climático no Brasil, o mais importante é o chamado “El Niño – Oscilação Sul”, mais comumente chamado de fenômenos El Niño e La Niña. Tratam-se de aquecimentos, quando nos referimos aos El Niños, e resfriamentos, para La Niña da porção equatorial do Oceano Pacífico.
Admite-se que há cerca de 20 regiões no mundo, cujo clima é afetado pelas fases do ENOS. Entre essas, no caso do Brasil, a parte norte da Região Nordeste e o leste da Amazônia (na faixa tropical) e a Região Sul (na faixa extra-tropical). As anomalias climáticas mais conhecidas e de maior impacto são as relacionadas com o regime de chuvas, embora o regime térmico também possa ser modificado. De modo geral, as anomalias de chuva relacionadas com o El Niño (águas do Pacífico tropical quentes e Índice de Oscilação do Sul negativo) e com a La Niña (águas do Pacífico tropical frias e Índice de Oscilação do Sul positivo) atingem as mesmas regiões nos mesmos períodos do ano (ou um pouco defasados), porém de forma oposta. Ou seja, naquelas regiões onde em anos de El Niño há excesso de chuvas, nos anos de La Niña pode ocorrer seca.
Particularmente no sul do Brasil, tem-se excesso de chuvas nos anos de El Niño e estiagem em anos de La Niña. Apesar da influência dar-se durante todo o período de atuação desses eventos, há duas épocas do ano que são mais afetadas pelas fases do ENOS. São elas: primavera e começo de verão (outubro, novembro e dezembro), no ano inicial do evento, e final de outono e começo de inverno (abril, maio e junho), no ano seguinte ao início do evento. Assim, nessas épocas, as chances de chuvas acima do normal são maiores, em anos de El Niño (como ocorreu em 1997/98), e chuvas abaixo do normal, em anos de La Niña.
Para você ter uma ideia da diversidade desses fenômenos e da intensidade deles, separei um gráfico.
(Fonte: GGWEATHER)
LA NIÑA E SUAS APLICAÇÕES NA AGRICULTURA
Estima-se que 80% da variabilidade da produtividade agrícola dependa das condições climáticas. Áreas com redução das chuvas podem desacelerar o desenvolvimento das culturas, ocorrendo queda da produtividade. Já em regiões com aumento da precipitação pode haver inundações nas culturas, o que também favorece a redução da produtividade. Além disso, chuvas em excesso no momento da colheita podem diminuir a qualidade dos produtos e ainda inviabilizar o escoamento da safra. Com base nos impactos conhecidos do fenômeno La Niña sobre a região sul, ocasionando chuva abaixo dos valores normais, destaca-se como orientações para minimizar impactos de estiagens na agricultura:
- ORIENTAÇÕES TÉCNICAS GERAIS AJUSTÁVEIS PARA CADA CULTURA
- Descompactar o solo;
- Mobilizar o solo o mínimo possível, por ocasião do preparo;
- Dar preferência ao Plantio Direto;
- Não utilizar população de plantas superior ao recomendado para a cultura;
- Escalonar as épocas de semeadura e/ou plantio, utilizando cultivares de ciclos diferentes;
- Implantar as culturas sob adequadas condições de umidade e temperatura do solo;
- Evitar o esvaziamento de barragens;
- Racionalizar o uso da água e irrigar quando necessário, preferencialmente nos períodos críticos;
- Observar o Zoneamento Agrícola;
- Acompanhar as informações sobre o assunto e consultar a assistência técnica.
Fontes: blog.aegro.com.br / www.canalrural.com.br / http://www.cnpt.embrapa.br
Imagem: revistagloborural.globo.com