A pandemia impulsionou mudanças no comportamento dos consumidores que devem ser mantidas no próximo ano.
A busca por hábitos alimentares mais saudáveis já é realidade. Mundialmente, cerca de 70% dos consumidores estão mudando de dieta para prevenir obesidade, diabetes e colesterol, segundo a centenária rede de supermercados britânica Sainsbury’s.
No Brasil, por exemplo, de acordo com dados da Mintel, uma empresa global de inteligência de mercado, 51% das pessoas têm priorizado uma alimentação saudável, impulsionados em grande parte por conta da pandemia de Covid-19.
Sendo assim, a relação dos alimentos com a saúde ficou ainda mais preponderante, já que muitos começaram a se importar em aumentar a imunidade para enfrentar o vírus, e a alimentação saudável ganhou ainda mais destaque no novo cenário.
Quais fatores estão influenciando novos hábitos alimentares?
Mudança no comportamento da população, como mais adeptos ao vegetarianismo ou veganismo, preocupação em relação a embalagens e respeito ao meio ambiente e novos hábitos de consumo e estilo de vida a partir do contexto da pandemia estão sendo determinantes para influenciar as tendências de hábitos alimentares em 2021.
Número de vegetarianos e veganos estão crescendo no Brasil
Nos últimos sete anos a população vegetariana dobrou, atingindo o marco de 29 milhões de brasileiros, de acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE.
Com isso, novas formas de consumo alimentares estão sendo instituídas. Os alimentos à base de plantas são um exemplo. Hambúrgueres, carne moída e até salsicha que imitam o sabor e textura da carne ganharam as prateleiras de grandes supermercados.
Lanchonetes tradicionais, como o Burger King, também acrescentaram em seu cardápio a versão de hambúrgueres à base de vegetais.
Considerando que, aliado ao crescimento das doenças alérgicas e de intolerância à proteína dos leites de origem animal, produtos para vegetarianos e veganos é uma tendência que veio para ficar, e tende a aumentar.
Seleção de produtos comprometidos com o meio-ambiente
Segundo dados de 2019 da Nielsen, 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente.
Esse crescente interesse é outro fator que está levando a população brasileira a mudar os hábitos alimentares e a buscar por embalagens sustentáveis, selos de reciclagem e alimentos orgânicos, por exemplo, está em amplo desenvolvimento no Brasil.
Relação mais clara e verdadeira com o consumidor
Os brasileiros também estão mais informados, ou, pelo menos, estão mais interessados em saber o que está indo para o seu prato. Ainda sobre os dados coletados na pesquisa da Nielsen, 30% dos entrevistados disseram estar atentos aos ingredientes que compõem os produtos alimentícios.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabeleceu, em outubro deste ano, novas normas de rotulagem nutricional de alimentos embalados. As inovações incluem mudanças na tabela de informação nutricional e nas alegações nutricionais, além da adoção de rótulos mais visíveis.
Na descrição nutricional, uma pequena lupa vai mostrar se o alimento tem alto teor de sódio, gordura saturada ou açúcar, por exemplo. Segundo a agência, a medida melhora a clareza das informações nutricionais presentes no rótulo dos alimentos, e visa auxiliar o consumidor a realizar escolhas alimentares mais conscientes.
A resolução entrará em vigor somente em outubro de 2022, tempo suficiente para que a indústria se adeque. Contudo, adotar uma comunicação mais clara, eliminando termos técnicos, e entregando a informação com máxima transparência é outra grande tendência que se pode verificar fortemente em 2021.
A pandemia mudou (e ainda está mudando) o estilo de vida
Enquanto que uma parcela da população optou por uma alimentação mais saudável e balanceada na pandemia, a parte mais pobre sofreu com a escassez de recursos e a alta no preço de alimentos fundamentais à cesta básica brasileira, como o arroz e o feijão.
Contudo, para essa parcela que pode ficar em casa, em trabalho remoto, e teve sua rotina alterada, de fato houve uma mudança significativa no padrão de consumo alimentar. As primeiras análises do Estudo NutriNet Brasil, um núcleo de pesquisa executado pela Universidade de São Paulo (USP), envolveu 10 mil participantes e indicam aumento generalizado na frequência de consumo de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) durante a pandemia.
Isso porque o passar mais tempo em casa, inclusive no período das refeições, podem tê-las estimulado a cozinhar mais e a consumir mais refeições dentro de casa. Além disso, uma eventual preocupação em melhorar a alimentação e, consequentemente, as defesas imunológicas do organismo, podem ser consideradas. Tais hábitos devem ser mantidos por uma parcela da população.
Sendo assim, o hábito de comprar alimentos in natura para cozinhar em casa, assim como a preferência por produtos mais saudáveis são outros fatores que alimentam um novo padrão de hábito alimentar para 2021.
Como fica o mercado de alimentação fora do lar?
Ainda é cedo para atestar como se firmará esse setor, mas a pandemia também vem balançando o modo de trabalho dos restaurantes, lanchonetes e afins. Algumas tendências já podem ser observadas, dado o novo jeito de consumir da população neste período de tantas mudanças no padrão alimentar:
- Crescimento das “dark kitchens”: que pode ser traduzido como cozinhas obscuras. São cozinhas instaladas com estruturas para atender apenas pedidos de delivery.
- Opções “go and grab”: o pegue e vá, em tradução livre, consiste em oferecer refeições prontas, balanceadas, embaladas e dispostas em um ambiente onde o cliente pode pegar o que quer, pagar e sair, sem passar muito tempo no estabelecimento.
- Food trucks: os caminhões, geralmente estacionados em locais abertos, permitem um maior distanciamento entre os clientes. Sem contar que o consumidor pode levar para comer em casa ou escolher um cantinho do parque longe de aglomeração, apreciando também a vista.
- Delivery: certamente esta é a opção com maior demanda. Entre os meses de abril e junho, os gastos com os principais aplicativos de entrega de comida (Rappi, IFood e Uber Eats) cresceram 94,67% no período, segundo dados da Mobills, startup de gestão de finanças pessoais.
Os alimentos do futuro
Diante de todas mudanças apresentadas no hábito alimentar da população brasileira, é de se esperar por um movimento ainda mais consistente rumo à redução dos alimentos com elevadas pegadas de carbono, como carne e laticínios.
Impulsionados por foodtechs – empresas que aproveitam tecnologias para transformar a indústria agroalimentar em um setor mais moderno e preocupado com a sustentabilidade – os alimentos do futuro podem ser pautados em 5 categorias principais, como sugere um relatório da ONG World Wide Fund (WWF) em parceria com a marca de gêneros alimentícios Knorr:
- Algas: ricas em nutrientes, de fácil e abundante acesso;
- Legumes: podem ser cultivados em qualquer lugar do mundo, além de serem ricos em fibras, proteínas e vitaminas;
- Funghis e cogumelos: há mais de 2 mil tipos de cogumelos comestíveis ao redor do mundo, que são ricos em vitaminas e proteínas;
- Cactos: são resistentes às secas e contêm fibras, além de aminoácidos e vitaminas;
- Raízes: ricas em fibras, vitaminas e minerais.
Curiosidades para ficar de olho
Cerveja
É a bebida alcoólica mais popular do Brasil, mas um aumento de percepção sobre a saúde entre os adultos brasileiros tem exigido mais inovações em cervejas saudáveis.
Açúcar
Os açúcares adicionados estão no alvo de regulamentações em toda a América Latina. Certamente haverá novas pressões para que os fabricantes reduzam o teor de açúcar em seus produtos.
Economia circular
A aposta em embalagem com longevidade é outra forte tendência. Mais da metade dos consumidores brasileiros já compra produtos que podem ser enchidos de novo (refil) para apoiar a sustentabilidade, de acordo com a Pesquisa da Mintel sobre tendências de embalagens de alimentos e bebidas.
Gourmets
Produtos convencionais vêm ganhando releituras com o acréscimo de ingredientes mais sofisticados. Os quiosques de churros e sorvetes sem gordura, como os gelattos, são exemplos notáveis.
Quer uma força para mudança nos hábitos alimentares?
Equilíbrio é a palavra-chave quando se trata de mudar hábitos alimentares. Confira aqui 4 dicas para começar hoje mesmo.
- Reflita antes de comer: na correria agitada do dia a dia, muitas vezes não paramos nem para olhar o que estamos comendo. Analise suas escolhas, antes de reproduzir um comportamento já adquirido.
- Substitua alimentos. É muito difícil começar uma mudança sendo extremamente radical. Ao invés de cortar de vez a sobremesa, por exemplo, substitua por uma versão com menos açúcar e mais caseira.
- Faça você mesmo. Ter contato com o alimento, além de despertar o interesse por aquilo que vai no seu prato, pode fazer você optar por versões mais saudáveis e naturais.
- Compartilhe experiências. Isso facilitará o objetivo de suas metas, pois amigos e familiares podem encorajar a mudança de hábito.
Fonte: https://www.consumidormoderno.com.br/2020/12/30/habitos-alimentares-o-que-e-tendencia-para-2021/