“Basicamente, não temos nenhuma mudança fundamental no mercado, e podemos colocar essa sessão na conta do nervosismo do mercado financeiro. Todas as commodities estão caindo, as bolsas estão bastante voláteis, todos aproveitando para se desfazer de posições e realizar lucros”, explica o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. Assim, perto de 13h40 (horário de Brasília), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago perdiam entre 29,75 e 36,75 pontos, com o novembro valendo US$ 13,19 e o maio, US$ 13,23 por bushel.
Quem lidera as baixas entre as commodities nesta quinta-feira (19) é o petróleo, que já chegou a recuar mais de 5%, refletindo preocupações com a demanda, com os desdobramentos da pandemia por conta da variante delta, estoques maiores de gasolina nos EUA, além de preocupações com as tensões geopolíticas ao redor do globo que se intensificaram desde que o Talibã dominou a capital afegã, Cabul.
Assim, o petróleo puxa todas as demais commodities, com as perdas no milho também passando de 2%, bem como no algodão negociado na Bolsa de Nova York. No café e no açúcar, além do trigo, as baixas também são bastante agressivas. OS futuros dos derivados de soja também caem forte, com o óleo caindo quase 3% e o farelo quase 2%. Na China, o minério de ferro cedeu 7% e marcou suas mínimas em seis meses.
“E tivemos também o Federal Reserve de que toda aquela política de garantir liquidez ao mercado financeiro pode ter chegado ao fim, uma vez que a inflação está um pouco mais controlada, melhora na geração de empregos, e o FED parece trazer uma política mais amena”, explica Matheus Pereira, dietor da Pátria Agronegócios, o que ajuda a fortalecer o dólar frente a outras moedas e ajuda na pressão sobre as commodities. Nesta quinta, o dólar index chega às suas máximas em meses.
Do mesmo modo, os últimos dados que chegam do Pro Farmer Crop Tour indicando uma boa safra nos estados de Iowa e Illinois, os dois maiores produtores dos EUA, apesar de números que são um pouco menores do que os do USDA em Illinois, ajudam na pressão sobre os preços.
“O mercado possui uma direção que precifica essa eventual safra saudável em Iowa juntamente com fatores macroeconômicos que empurraram ainda masi essa queda da soja, especialmente a baixa do petróleo e essa aversão ao risco no financeiro com o FED indicando que as políticas de injeção de capital podendo chegar ao fim”, complementa Pereira.
Parte da pressão sobre as cotações vem também de um cenário de clima mais favorável para o Corn Belt nos últimos dias de agosto, período decisivo para a soja norte-americana.
Os mapas seguem mostrando chuvas melhores no noroeste dos EUA, o que poderia contribuir para a recuperação de lavouras planatadas mais tarde ou campos semeados com variedades de ciclos mais longos.
O mapa acima mostra as chuvas esperadas para o período de 19 a 26 de agosto, com bons volumes sendo esperados para as Dakotas, Minnesota, Nebraska e boa parte de Iowa.
Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas