Rio Verde é, hoje, um dos principais polos do agronegócio no Brasil. A força produtiva da região é reconhecida nacionalmente, com empresas e produtores que movimentam a economia, geram empregos e alimentam o país. No entanto, junto com esse desenvolvimento, vem também a necessidade de fortalecer práticas de integridade, ética e governança — e é aqui que o Compliance entra como um diferencial estratégico.

Diferente do que muitos ainda pensam, Compliance não é um conjunto de regras engessadas ou algo exclusivo de grandes corporações. Trata-se de uma cultura organizacional voltada à conformidade com leis, normas internas e, principalmente, com os valores éticos que devem nortear qualquer atividade empresarial¹. No campo, isso se traduz em cuidados com contratos, respeito às legislações ambientais² e trabalhistas³, integridade nas relações com fornecedores, clientes e órgãos reguladores, além da prevenção de fraudes e corrupção⁴.
Em Rio Verde, o desafio está em adaptar essas boas práticas à realidade do agronegócio local, que combina grandes empresas, cooperativas e produtores familiares. Nosso trabalho tem sido, justamente, mostrar que é possível — e necessário — implantar uma cultura de Compliance que seja acessível, prática e eficiente. A confiança do mercado, a segurança jurídica e a perenidade dos negócios passam diretamente por isso.
Para isso, é fundamental desmistificar a figura do Compliance Officer. Ele não é o “chato do não pode”, como ainda é visto em muitos lugares. Na verdade, seu papel é construir caminhos seguros para que o negócio avance com ética e responsabilidade. É um profissional que atua lado a lado com as lideranças, oferecendo uma visão estratégica dos riscos e ajudando na tomada de decisões que sustentem o crescimento da empresa a longo prazo⁵.
Cultura de Compliance se constrói com diálogo, transparência e, sobretudo, exemplo. Não basta ter políticas no papel — é preciso que elas sejam vividas no dia a dia da operação. Isso significa treinar pessoas, criar canais de escuta, responder de forma clara a dúvidas e atuar com firmeza em situações que possam comprometer a integridade da organização⁶. Quando isso acontece, o Compliance deixa de ser visto como obstáculo e passa a ser reconhecido como parte do sucesso do negócio.
O agronegócio é a espinha dorsal da economia brasileira, sendo responsável por uma significativa parcela do PIB e pela geração de milhões de empregos em todo o país⁷. Em Rio Verde, essa importância é ainda mais evidente, com a cidade figurando entre os maiores produtores de grãos, carnes e outros produtos agrícolas. Além de impulsionar a economia local, o setor tem papel fundamental na segurança alimentar mundial. Por isso, é essencial que o agro não apenas cresça em escala, mas também em maturidade empresarial⁸, incorporando práticas de governança e compliance que garantam a sua sustentabilidade e respeitem as normas éticas e legais. Um agro que se adapta, inova e preserva seus valores é um agro preparado para os desafios do futuro.
O movimento em Rio Verde está só começando, mas já mostra sinais positivos. A cada nova conversa, evento ou troca de experiência, percebemos que há espaço — e vontade — para consolidar uma nova mentalidade no agro. Uma mentalidade em que resultado e reputação caminham juntos, e em que fazer o certo não é um diferencial, mas um compromisso coletivo com o futuro.
Rafael Konczak
Compliance Officer nas Fazendas Reunidas Baumgart
Referências
- BRASIL. Lei nº 12.846/2013 – Lei Anticorrupção Empresarial.
- BRASIL. Lei nº 12.651/2012 – Código Florestal.
- BRASIL. CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.
- BRASIL. Decreto nº 8.420/2015, que regulamenta a Lei Anticorrupção e define os parâmetros dos programas de integridade.
- OCDE. Diretrizes para Empresas Multinacionais, 2023.
- IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Cadernos de Governança – Programas de Integridade, 2021.
- MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária. Anuário da Agricultura Brasileira, 2024.
- IBGC. Governança no Agronegócio: Desafios e Oportunidades, 2023.