O agronegócio vai além da produção de alimentos e gera fontes de energia renováveis que movimentam os veículos e levam luz elétrica às casas do país.
Nas usinas de cana, por exemplo, o mesmo caldo usado para produzir açúcar fabrica também o etanol, que abastece quase metade da frota de automóveis e motocicletas do Brasil, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
E o bagaço que sobra da extração é queimado para gerar energia elétrica. Durante a safra canavieira, as 360 usinas de cana do país se tornam autossuficientes em eletricidade. Dessas, 194 chegam a produzir excedentes que podem ser ofertados para a rede nacional, o Sistema Integrado Nacional (SIN). O dado mais recente da Unica, de 2019, aponta que a geração de bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar chegou a atender 12 milhões de residências do Brasil, o equivalente a 5% do consumo anual de energia elétrica no país.
E não é só o bagaço da cana. Dá para produzir eletricidade a partir de diversos outros resíduos da agropecuária, como a lenha, licor negro, casca de arroz, capim elefante e dejetos animais.
E, quando se trata de biocombustíveis, ainda tem o etanol obtido por meio do milho e o biodiesel a partir do óleo de soja.
- Energia limpa
Os biocombustíveis e a bioeletricidade são considerados fontes de energia limpa porque eles são obtidos por meio de alguma biomassa, ou seja, uma matéria orgânica de origem vegetal ou animal.
Isso faz com que o dióxido de carbono (CO2) emitido por eles seja absorvido pelas plantas, diferentemente do que ocorre com uma fonte fóssil, que acaba ficando na atmosfera.
“Quando você queima etanol, o carbono dele vira CO2. Mas, quando as plantas estão crescendo, fazendo a fotossíntese, elas o absorvem. Então esse ciclo de carbono se fecha”, explica a professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Suani Teixeira Coelho.
A superintendente de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Angela Oliveira da Costa, comenta que, no processo de produção dessas fontes, pode acabar ocorrendo sim a emissão de poluentes, como durante o transporte, por exemplo. Mas ela pondera que essa emissão é menor do que na produção de combustíveis fósseis.
Os investimentos feitos pelo setor sucroenergético na geração de bioeletricidade são voltados, atualmente, para a autossuficiência das usinas e o excedente pode ser exportado à rede elétrica do país – o Sistema Integrado Nacional (SIN).
Em 2019, a indústria canavieira gerou 14.565 GWh para suprir o autoconsumo, de um total de 36.972 GWh. Segundo a Unica, isso seria equivalente a 47% da produção da usina hidrelétrica de Itaipu, no mesmo ano.
fonte: g1.com
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