A principal discussão aqui, às vezes transformada em guerra nas melhores famílias, é o uso da expressão “em anexo”, como na frase “seguem em anexo as fotos que tiramos juntos.” Estaria correto?
Primeiramente, é bom deixar claro que esse negócio de certo e errado já derrubou muita gente boa por aí. No Brasil, podemos afirmar que a lei neste caso só serve à ortografia, inclusive com publicação de um guia oficial da escrita na língua portuguesa – o Vocabulário Ortográfico da Língua portuguesa, ou simplesmente Volp. Nas questões de sintaxe o que vale é uma convenção mais ou menos aceita pela maioria da elite intelectual do país. Porém a noção de certo e errado passa longe daqui.
E nesse caso? Devemos aceitar “em anexo” como expressão válida?
Alguns dicionários definem “anexo” apenas como adjetivo, daí ser variável em gênero e número: “anexa”, “anexos”, “anexas”; e tem como sinônimos, entre outros, “apenso” e “incluso”. Gramáticas escolares tradicionais confirmam a função adjetiva da palavra e condenam a utilização de “em anexo”. Domingos Paschoal Cegalla em sua Novíssima Gramática manda evitar “a locução espúria”;
essas são apenas amostras da condenação gramatical ao “em anexo”.
Poderíamos também construir a seguinte analogia para a exemplificação do que queremos provar: mostre-me como escreves que te direi quem és. O estilo acaba por denunciar o escrevinhador, seu nível de compreensão e aprofundamento das coisas.
Sabendo então que “anexo” é adjetivo e que tem um tanto de gente que abomina o “em anexo”, por que continuar escrevendo assim? O conselho, já que não há lei que obrigue, é para que você escreva dessa forma: “segue anexo o relatório”, “segue anexa a nossa fotografia”, “seguem anexos os orçamentos”, “seguem anexas as planilhas de custo”, sempre concordando com o que segue, ou “seguem” caso seja plural.
Agora se você tem outra teoria a defender, faça a sua escolha e seja feliz.